terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eu quero

Tudo de mal pra você. Entende? (Risos). Não, não, não se preocupe. Não quero tudo de mal pra você. Não quero que você... morra, por exemplo. Mas é que também não vou ficar desejando o bem das pessoas assim, a torto e a direito. Tenho que desejar o meu bem antes! (Risos).
Eu quero vomitar no passado. No nosso passado. E na sua cara e na sua comida. (Pausa curta enquanto dá um gole em seu copo de uísque). Eu também quero rasgar todos os papéis que eu gastei nesse meio tempo. E depois de rasga-los, vou manda-los para a reciclagem! Sei bem como hoje em dia tem toda essa moda de ecologia. Ecobag. Te desejo uma. (Abre um sorriso). Desejo uma com a alça rasgada. Vamos ver como você vai fazer compras!
Também quero coisas boas pra mim. Acho que desejar o mal pra você faz bem. Porque desejar o bem não tava ajudando em nada. Pra mim, eu quero é mais uísque. (Pausa longa enquanto serve-se de mais uma dose e três pedras de gelo). Depois do uísque, quero um homem de verdade. Não! Antes do homem, eu quero é música. A música de verdade, igual o homem. E depois, uma dança. Agora, com o homem.
Eu quero os seus pés tortos para que nunca possa dançar. Nunca. Quem dança os males espanta. E males espantados, por enquanto, só quero os meus. (Pausa longa).
Por mim, nem falava mais contigo. Mas nessa vida de casualidades, cheia de encontros e desencontros, temos que conviver sociavelmente. Por isso, vou é gastar toda minha grosseria e sarcasmo quando tiver que me dirigir a você. Como se eu guardasse um gosto amargo na boca, e só o cuspisse em sua direção. (Cospe).
Mas eu não sou assim. Um animal. (Risos). A evolução corre em minhas veias! Venha, eu posso te oferecer um pouco de cicuta... perdão, erro meu! Uísque! (Risos). Mas a vontade de colocar o veneno, essa eu sentiria.
Que mais posso desejar de mal para você? Acho que só você mesmo. (Abre um sorriso). Só de viver dentro dessa sua cabecinha deve ser o inferno.
Minha boa educação me segura. Se não, já teria partido pra cima de você carregada de macumba e assombração. (Dá um gole em seu copo).
É isso. Fique consigo. E meu trabalho está feito. Não quero mais sujar minhas mãos com você.(Levanta-se e vira as costas, com o copo em sua mão).

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