terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dói

Filho duma puta.
Canalha.
Sem vergonha.
Idiota.
Babaca.
Falso.
Canalha.











Silêncio?
Calhorda.
Ingrato.
Cachorro.
Desgraçado.
Imbecil.
Repugnante.











Silêncio.
Grotesco.
Vagabundo.
Imprestável.
Palhaço.
Otário.
Pilantra.











Um não. E eu nem tinha começado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ballade de l'étrangleur

Eu s ou sozinha
e t


Et, em francês, é "e". De "eu e você".
Est, é. Isso mesmo. É.
Ou.
E ou É.
Sol.
Idão.
Solidão.
Ouvi dizer que vem coalhada de liberdade.
A liberdade solitária não é. Nunca.
Murcha.
E vira doença na cama, que corrói os ossos e deixa raquítico o mais forte dos heróis.
Heróis.
Preciso de um para mim.
Com coragem.
Para me salvar das garras do dragão.
Mas que merda é essa de herói?
Não existe, pequena Lúcia que fica lendo contos de fada. Sinto lhe dizer.
Tudo isso é uma farsa.
Só existem os dragões.
Para os melhores, só existem os dragões.

Eu quero

Tudo de mal pra você. Entende? (Risos). Não, não, não se preocupe. Não quero tudo de mal pra você. Não quero que você... morra, por exemplo. Mas é que também não vou ficar desejando o bem das pessoas assim, a torto e a direito. Tenho que desejar o meu bem antes! (Risos).
Eu quero vomitar no passado. No nosso passado. E na sua cara e na sua comida. (Pausa curta enquanto dá um gole em seu copo de uísque). Eu também quero rasgar todos os papéis que eu gastei nesse meio tempo. E depois de rasga-los, vou manda-los para a reciclagem! Sei bem como hoje em dia tem toda essa moda de ecologia. Ecobag. Te desejo uma. (Abre um sorriso). Desejo uma com a alça rasgada. Vamos ver como você vai fazer compras!
Também quero coisas boas pra mim. Acho que desejar o mal pra você faz bem. Porque desejar o bem não tava ajudando em nada. Pra mim, eu quero é mais uísque. (Pausa longa enquanto serve-se de mais uma dose e três pedras de gelo). Depois do uísque, quero um homem de verdade. Não! Antes do homem, eu quero é música. A música de verdade, igual o homem. E depois, uma dança. Agora, com o homem.
Eu quero os seus pés tortos para que nunca possa dançar. Nunca. Quem dança os males espanta. E males espantados, por enquanto, só quero os meus. (Pausa longa).
Por mim, nem falava mais contigo. Mas nessa vida de casualidades, cheia de encontros e desencontros, temos que conviver sociavelmente. Por isso, vou é gastar toda minha grosseria e sarcasmo quando tiver que me dirigir a você. Como se eu guardasse um gosto amargo na boca, e só o cuspisse em sua direção. (Cospe).
Mas eu não sou assim. Um animal. (Risos). A evolução corre em minhas veias! Venha, eu posso te oferecer um pouco de cicuta... perdão, erro meu! Uísque! (Risos). Mas a vontade de colocar o veneno, essa eu sentiria.
Que mais posso desejar de mal para você? Acho que só você mesmo. (Abre um sorriso). Só de viver dentro dessa sua cabecinha deve ser o inferno.
Minha boa educação me segura. Se não, já teria partido pra cima de você carregada de macumba e assombração. (Dá um gole em seu copo).
É isso. Fique consigo. E meu trabalho está feito. Não quero mais sujar minhas mãos com você.(Levanta-se e vira as costas, com o copo em sua mão).

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Criação

Meus versos não tem métrica
Minhas rimas não o são
Escrevo pelo som do gosto
Pelo sabor do calafrio
Inflando o vazio de minha barriga

As palavras saem d'um pulo
Correm ao vislumbre da guilhotina
Escorrem para o papel
Passam dos dedos à língua
Queimam a pele com seu calor

Abro os olhos
Surpresos
Desacostumados
Despreparados
Virgens

Não contam comigo
Férias não são para exercícios

E de súbito
Num susto
Eles veem
O que sem querer se criou
Nesse meio abiótico em que residem

Fechados ou abertos
Sejam olhos
Sejam janelas
Do interior que se mudou
E agora não se decide
Sobre o branco do papel

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Registro de um dia químico

Nós somos parte de algo maior. E tenho dito.
Porque, quando vemos o mundo assim, dessa forma, sem forma, disforme, aí, sim, eu sei.
Que tem que ser algo maior que coloca esse envoltório em mim. Que eu ainda não sei o que é. Mas algo ao meu redor que me fez arrepiar e sentir o toque dos deuses.
Grito, agora: DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUSEEEEEEEEEEEEEEEES!!!
A nuvem! No céu! Veja ali, como corre e muda de forma. E a forma que muda é a mesma e não muda de forma nunca. É como se tudo que se move vai para algo já predestinado, que, convenientemente neste caso, trata-se do que sempre foi.
Tudo que se move vai para algo já predestinado.
Mas eu não me encaixo. Fui indo sem destino em direção à praça 3, dos porquinhos, errei o caminho, sabe como é. Cheguei.
A hora ruim foi quando molhei as calças. E pior, não estavam molhadas!
A vida é bela, meu amigo! Não estamos aqui sem razão! Acredite, pois se digo isso, digo por experiência própria.
Eu vi o quadro se dissolver e voltar ao normal na minha frente. Se isso não provar que a vida é bela, desisto de tudo. Dos meus objetivos. Jogo de lado a toalha.
A arte pulsa vida. É só olhar pra ela pra ver se tudo esta indo conforme o planejado.

domingo, 1 de janeiro de 2012

De virada

E é de novo aquele ano que tomara que seja. Porque o passado já foi demais. Foi tarde.
Espero que leve consigo, Anterior, toda a água suja que eu botei para fora.
Ao que parece, não levou. Seu merda, ingrato! Mandei que levasse! Era só virar o balde na rua, que a água escorre pro bueiro.
Eu não tenho mais espaço pra isso.
Já começou assim. Te peço que não continue.
Pois se continuar, juro que te largo. Sem pestanejar. Sem hesitação. Já conheço o desapego.
Aprendi a lidar com ele. Se não lidasse, não teria chegado até aqui.
Largue esse balde já que eu levo ele pra fora!
Não vou depender de algo assim, como você, para começar a limpeza.
Eu mesma viro a água suja. Eu mesma coloco a água limpa. Pego o pano. E começo pelo chão.
Quero é só sorrisos. Muita paz e sabedoria. Eu preciso.
Porque eu sei o que eu desejo pra mim.
Acima de tudo.
Feliz.