sexta-feira, 8 de março de 2013

Metamorfose


Virei tempestade.
Virei buraco em tronco de árvore.
Virei tijolo afundando no poço.
Virei pernas de gelatina.
Virei frio na espinha.
Virei sorriso ocasional.
Virei espera por demora.
Virei saudades do nãosei.
Virei abraço no invisível.
Virei olhar bobo perdido.
Virei únicoassuntonamesadobar.
Virei únicosobrequemquerofalar.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Segunda-feira

O céu está lindo, eu disse.
E em direção ao céu eu segui.
Enxergava pouco, nuvens puxando pr'um marromvermelhocaramelo, e a sombra de um cajueiro, negro, negro, negro.

Nessa hora, percebi que precisava ir. Ir, não sei em que direção, qualquer uma, alguma, a primeira que aparecer. Pego o primeiro trem que passar. E aí vou.
Vou. E vou sem medo algum, largo tudo para trás, tudo, largo bolsa, travesseiro, escova de dentes.
Largo mão, braço, cotovelo.
João, Maria, e o Paulo Henrique dos Reis. Também largo.
Vou sem passagem e provisões, sem futuro, só o furo na sola do sapato, planejamento, não, seguindo o rumo das estrelas, das camélias, e das marcas de pneu do seu carro sem ar condicionado.
Vou de corpo e levo a alma. Vou agora, de supetão, tiro no escuro, pulo no abismo. Pé no estribo.
Vem comigo?