Tudo de mal pra você. Entende? (Risos). Não, não, não se preocupe. Não quero tudo de mal pra você. Não quero que você... morra, por exemplo. Mas é que também não vou ficar desejando o bem das pessoas assim, a torto e a direito. Tenho que desejar o meu bem antes! (Risos).
Eu quero vomitar no passado. No nosso passado. E na sua cara e na sua comida. (Pausa curta enquanto dá um gole em seu copo de uísque). Eu também quero rasgar todos os papéis que eu gastei nesse meio tempo. E depois de rasga-los, vou manda-los para a reciclagem! Sei bem como hoje em dia tem toda essa moda de ecologia. Ecobag. Te desejo uma. (Abre um sorriso). Desejo uma com a alça rasgada. Vamos ver como você vai fazer compras!
Também quero coisas boas pra mim. Acho que desejar o mal pra você faz bem. Porque desejar o bem não tava ajudando em nada. Pra mim, eu quero é mais uísque. (Pausa longa enquanto serve-se de mais uma dose e três pedras de gelo). Depois do uísque, quero um homem de verdade. Não! Antes do homem, eu quero é música. A música de verdade, igual o homem. E depois, uma dança. Agora, com o homem.
Eu quero os seus pés tortos para que nunca possa dançar. Nunca. Quem dança os males espanta. E males espantados, por enquanto, só quero os meus. (Pausa longa).
Por mim, nem falava mais contigo. Mas nessa vida de casualidades, cheia de encontros e desencontros, temos que conviver sociavelmente. Por isso, vou é gastar toda minha grosseria e sarcasmo quando tiver que me dirigir a você. Como se eu guardasse um gosto amargo na boca, e só o cuspisse em sua direção. (Cospe).
Mas eu não sou assim. Um animal. (Risos). A evolução corre em minhas veias! Venha, eu posso te oferecer um pouco de cicuta... perdão, erro meu! Uísque! (Risos). Mas a vontade de colocar o veneno, essa eu sentiria.
Que mais posso desejar de mal para você? Acho que só você mesmo. (Abre um sorriso). Só de viver dentro dessa sua cabecinha deve ser o inferno.
Minha boa educação me segura. Se não, já teria partido pra cima de você carregada de macumba e assombração. (Dá um gole em seu copo).
É isso. Fique consigo. E meu trabalho está feito. Não quero mais sujar minhas mãos com você.(Levanta-se e vira as costas, com o copo em sua mão).