sábado, 27 de abril de 2013

Manual de primeira viagem para o marinheiro portador de náuseas

Sentimento a gente guarda e explode. E por mais que berre, por mais que chore, por mais que ignore, sentimento sobra lá, guarda migalhas no coração. Vai juntando, pedacinho com pedacinho, daquilo que sobrou de ontem, daquilo que sobrou do almoço, e daqui a pouco vira mais, coisa grande que a gente não suporta, faz peso para baixo, puxa. Âncoração.
(Quando isso acontecer, feche os olhos, sacuda a cabeça e os braços, bata com os pés no chão. Dance. Gire sem sentido, deixe que o peso vire pena e flutue, e deslize, e rebole, e gire, gire, gire.)
Você surgiu e eu girava. Eu, vestida de universo, transmutada em peão naquele espaço, mãos jogadas para o alto, em busca de alívio, por favor, alívio! Qual a direção do vento para eu mudar a rota do passo?
No mar, os dias nascem infinitos - e, a partir do momento em que é possível distinguir a água do céu, você deve se retirar para o bote e ir para a casa. Não há mais nada ali. Havendo a dúvida, porém, cabe a você decidir as cores das bandeiras a serem hasteadas para saudar o sol.

Inacabou.

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